quinta-feira, 28 de outubro de 2010

A MORTE NO LIVRO DE ECLESIASTES


O aniquilacionismo tem sido uma das heresias de maior destaque nos movimentos sectários. Esse nome vem do latim ‘nihil’, ‘nada’. Segundo essa teoria, o homem ímpio será finalmente reduzido a nada. Esse mesmo conceito é refletido em alguns contextos da filosofia oriental. Algumas religiões pagãs supõem que a alma humana é absorvida e, consequentemente, deixa de existir sua individualidade.
                O estado dos mortos e o destino dos ímpios tem sido outro alvo de questionamentos. Alguns afirmam que os mortos estão inconscientes até o arrebatamento ou o juízo final. Somente após o juízo serão lançados no lago de fogo e enxofre e durarão nesse tormento o tempo equivalente aos seus pecados. Depois deixarão de existir, ou seja serão aniquilados.
                Para justificar tais afirmações, usam alguns versículos no livro de Eclesiastes: 3:19,20; 9:5,10. Afirmam, usando esses versículos, que o homem é semelhante ao animal em sua morte e em sua condição após a morte. Seria exatamente isso o que está sendo declarado nesses versos? O contexto de Eclesiastes concorda com essa exposição? Inicialmente, podemos observar que existem outros versículos, os quais fazem comparações e não são comentados pelas seitas. Vejamos alguns: 2:14-16; 6:6; 8:10; 9:2; por que não são comentados pelas seitas? Que verdades encontramos nesses versículos para lançar luz na interpretação dos primeiros versículos citados?   
                Concordam os sectários com as implicações desses versículos? Ao considerarem suas únicas citações (3:19,20; 9:5,10), por que não usam o mesmo princípio de interpretação nos demais textos? Que interpretação temos dos demais versículos e como isso esclarece esses versículos aparentemente difíceis?
                O mesmo sucede a todos (9:2). E como morre o sábio morre o tolo (3:16). Não vão todos para o mesmo lugar? (6:6). Se lermos esses versículos numa perspectiva eterna, percebemos um conflito com as demais Escrituras. Concordaria alguma seita que tais comparações foram feitas indicando que sucederá eternamente a mesma coisa a todos? Haveria alguma outra informação para esclarecer qual perspectiva tinha em mente?
                Consideremos os versículos chaves que identificam a perspectiva de Salomão: 1:3,9,14; 2:11,17-20,22; 3:16, 4:1,3,7,15; 5:13,18; 6:1,12; 8;9,15,17; 9:3,6,9,11,13; 10:5. Em todos eles há a expressão ‘debaixo do sol ‘. e nos seguintes versículos aparecem a expressão ‘debaixo do céu’: 1:13; 2:3; 3:1. Salomão usa 27 vezes a expressão debaixo do sol e 3 vezes debaixo do céu. Teria Salomão citado repetidamente essas expressões sem nenhum propósito? Ou, enfatizando que sua perspectiva sob o céu ou sol seria uma perspectiva secularizada. Salomão estaria visando refletir conceitos céticos e conduzi-los a uma conclusão piedosa?
                Sua pregação é feita sob uma perspectiva debaixo do sol ou debaixo do céu. O pregador demonstra que o dia a dia retrata uma condição miserável, na qual a humanidade se encontra, pois a injustiça parece predominar.
                Salomão está relatando sua observação nas eventualidades sob o sol, excluindo, portanto, a realidade além do céu ou sol.
                Quando um ateu ou cético, ao observar a violência e injustiça, verifica que pessoas justas podem ser injustiçadas e pessoas injustas prevalecem; passa, então, a criticar a existência de Deus e a veracidade de suas Leis e promessas. Contudo, Salomão chama atenção para a realidade além das aparências. O homem, apesar de ser uma criatura mortal – sob a perspectiva debaixo do sol ou debaixo do céu – deve atentar para o fim comum. Haverá restituição após a morte! Deus há de trazer a juízo toda a obra (12:13,14). Toda a Escritura é unânime quanto a isso. Lemos em hebreus 9:27: “e como aos homens está ordenado morrerem uma vez, vindo depois disso o juízo”.

ALGUNS DETALHES DOS TEXTOS QUE MERECEM ATENÇÃO

Em Eclesiastes 3:21, Salomão pergunta se o fôlego do homem sobe ou desce. Mas ele mesmo responde no capítulo 12:7 – “E o pó volte à terra, como o era, e o espírito volte a Deus, que o deu”.
Tanto os Adventistas do Sétimo Dia quanto os Testemunhas de Jeová usam esses versículos (Ec. 9:5,10) para advogarem o sono da alma e aniquilação. Vamos ler na bíblia.
Em relação a quê os mortos não sabem coisa alguma? O versículo 6 responde: em coisa alguma do que se faz debaixo do sol. Salomão não está se referindo à condição pós túmulo. Ele está dizendo, por exemplo, que o ambicioso ou egoísta não terá ciência do destino e uso de seus bens após a morte. O que o homem sabe, administra e como administra está condicionado apenas à realidade humana. Contudo, receberá de Deus, após a morte, ou a vida eterna ou a morte eterna. (Romanos 2:5-10). Haverá concordemente, recompensa no por vir.
Vemos claramente no contexto do Livro de Eclesiastes a mesma doutrina que encontramos nas demais Escrituras:
1.       Neste mundo o homem sofre adversidades. Isso inclui até mesmo o justo padecer e o ímpio florescer;
2.       Haverá uma prestação de contas – após a morte (Ec. 12:7,13,14; Rm. 2:5-10)
3.       A morte física entre homens e animais é semelhante, segundo uma observação natural. Mas a constituição do homem é diferente,pois tem espírito (Ec. 12:7) e responderá diante de Deus (Ec. 12:13,14).
Portanto, podemos afirmar que o livro de Eclesiastes é o relato sobre as reflexões de um grande sábio sobre os acontecimentos debaixo do sol ou debaixo do céu, e não contradiz a doutrina bíblica da vida após a morte, consciência da alma e de uma vida melhor.

Nenhum comentário:

Postar um comentário