A primeira vez que o Pr. Marcelo Gualberto nos chamou para irmos tocar no Som do Céu, eu não tinha idéia do que era o evento. Na realidade, nós fomos por que os contatos que havíamos tido com ele nos impressionaram, pela firmeza de caráter e equilíbrio na Palavra. Quando eu ouvia aquele cabra pregar eu dizia: "Ôpa! esse aí é dos nossos, esse também anda na contra mão dos desvarios da igreja pós-moderna".
Chegou o dia da viagem, passagem tirada, roupa na mala, viola, zabumba e triângulo no saco, e quatro agrestinos pernambucanos no avião. O acampamento da MPC fica num lugar que dispensa comentários - é muito bacana aquilo ali - Fomos bem recebidos e dava pra ver que o negócio era bem organizado. Recebemos cartinha de boas vindas e instruções, crachás. Sendo depois encaminhados para um alojamento, um chalé na beira da piscina. E foi muita gente chegando, muita gente amável, umas garotas e uns garotos bonitos que pareciam até serem anjos. Será que seriam? Afinal, estávamos no Som do Céu!
Não, não, não... Aquilo ali fazia um friiiiio de rachar e nós que víamos de um calor medonho de Pernambuco, tremíamos mais do que vara verde! E no céu não há incômodos, não é verdade? Por sorte chegaram uns cabras meio estranhos, com uns negócios de metal enfiados nas beiras dos olhos, nariz e da boca, mas que apesar daquela aparência pouco ortodoxa para o nosso padrão agrestino, demonstraram muito carinho por nós dividindo os seus agasalhos.
Bom, aquilo ali tava indo muito bem, tudo nos conformes. Porém, como todo matuto é desconfiado, eu ainda pensava: "Se o negócio aqui não der certo, pelo menos eu desenfastio um pouco do sertão (nossa praia no Sal da Terra). Ah! E tiro umas fotos também pra mostrar as pessoas que estive com Nelson Bomilcar, Jorge Camargo, Expresso Luz, Carlinhos Veigas, Cia de Jesus..." Afinal, tinha muita gente conhecida ali!
Porém, quando começou a rolar a festa... HUUUUM!!!! Uns cabrinhas dum tal de Disco Prase... começaram a pular... (e não só eles, mas todo mundo) ao som daquelas músicas de uma pancada pesada... Eu saí de dentro da tenda e fui orar lá atrás, mas aquele tum, tum, tum não me permitia se quer orar. Liguei para minha esposa que tinha ficado em Garanhuns, lá no Sítio Brejinho aonde eu moro, e diise: "Gil ora aí, eu não sei o que eu vim fazer nesse negócio. Pense numa zoada, minha fia?!" De fora eu só via as luzes piscando e uma fumaça danada saindo pelos buracos da tenda."O que é que eu vim fazer aqui, Deus???"
"Na minha angústia clamei ao Senhor e Ele me ouviu" Aleluia!!!! Foi quando eu pensei: "Espere aí!!!! Se num tem cerveja, num tem maconha, ninguém tá se prostituindo e todo mundo tá se divertindo, quem tá animando esse povo? Eu que devo tá errado!". Lembrei que o nosso padrão de forrozeiro de pé-de-serra, também, causava conflito nas pessoas desavisadas sobre a intenção e exercício do nosso chamado. Ponderei: "Vou voltar e vou brechar, pra ver se esse negócio é de Deus. Né possível que Marcelo Gualberto, um cabra crente daquele jeito, promova uma festa fora do padrão!"
Menino!!!! Os cabras eram crentes mesmo! Faziam umas exortações bacanas. Tudo tinham lógica aos olhos do evangelho. E eu só sei, que eu fui me aninimando com o negócio (e quem não se anima?) E no final, estava o coroa aqui, cantando no meio da galera: "Não pare!!!!!"
Me apaixonei por tudo. E quando eu me apaixono eu componho. Foi assim com o Som do Céu:
Em Minas encontrei um lindo som
que dá sabor a vida feito mel
um canto de louvor,
uma expressão de amor
alegria incontida - Som do céu
Amigos de jornada conheci
nas mãos têm uma viola
e os olhos no céu
que adoram ao Senhor
Jesus o Salvador
com um som que vem de cima - Som do Céu
Som do Céu tem som de esperança
Som do Céu me faz feito criança
repouso encontrar
em Cristo descansar
é pasto verdejante o Som do Céu
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